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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Porque achamos fofinho relacionamentos abusivos?


Olá galera, beleza? É eu sei que eu estava sumido, mas resolvi dá uma passadinha por aqui para falar de alguns assuntos sérios. ‘Lá vem a poc problematizadora vocês devem estar pensando, porém existem alguns assuntos que por mais chatos que sejam, ainda precisam ser discutidos. E no mais, eu sempre abordei assuntos sérios por aqui.

Acho que todo mundo que acompanha o mundo BL está ciente da treta que está acontecendo entre Art e Mew (atores da série “What The Duck”), e com toda essa história que vem se alastrando, e não começou com a live do Art, mas sim bem antes, podemos fazer algumas reflexões.

1.    As consequências do Hate para nossos atores preferidos;
2.    Fã-service é prejudicial a vida pessoal dos atores?
3.    Até que ponto nós enquanto fãs, devemos nos intrometer na vida pessoal de nossos ídolos?
4.    Por que a maioria de nós tende a achar bonitinho relacionamentos abusivos em séries BL?

Hate, e desprezo, são palavras tão fortes, mas ainda assim, algumas pessoas que se dizem fãs de determinados artistas tendem a por em prática estas palavras em suas piores variações e significados. Recentemente estamos vendo isso acontecer com Art, ator da série tailandesa “What The Duck”. Sim ele poderia ter escolhido não expor seus problemas com o parceiro de cena e amigo, o também ator da série, Mew para todo o mundo, porém ele expôs. Depois disso, ele vem recebendo ódio e mais ódio por parte de alguns que se diziam fãs dos dois. Art errou em expor a briga dos dois, sim errou. Mew errou ao beijar Art sem o consentimento do mesmo, sim errou, mas até termos um esclarecimento por parte também do Mew, nenhum dos dois merecem hate. Por se expor, Art é quem mais está sofrendo com esses ataques, vamos maneirar galera, pois nós não sabemos realmente como tudo aconteceu.

Outro assunto que há tempos eu venho debatendo e discutindo em grupos é sobre o fã-service e sobre a prejudicialidade que isso pode (veja bem eu usei a palavra pode) causar na vida pessoal dos atores. Nós achamos bonito sim e de certa forma é até um jeito de apoiar a causa LGBTQ+, porém nós fãs não podemos fazer disso um fanatismo. Veja bem, há exemplos do quão prejudicial isso pode ser, basta pegarmos o caso de Ohm e Toey da Série Make it Right  em que um deles até disse que não fará mais series BL, pois ao descobrirem que ele namorava uma garota na vida real, os fãs começaram a atacar a menina. O mesmo chegou a quase acontecer quando descobriram que Max da série “Together With Me” namorava uma garota, mas graças a Deus no caso do Max as proporções foram bem menores. Quando eu falo que fã-service pode vir a prejudicar a vida pessoal dos atores, não falo por eles, mas sim em relação a fãs fanáticos. Veja por exemplo o caso do Krist da série Sotus.

E puxando o gancho dos parágrafos anteriores, porque será que nós fãs insistimos em pensar que sabemos tudo sobre nosso artista e que podemos controlar a vida dele e ditar quem ele deve namorar e quem ele deve gostar? Claro que nós enquanto fãs, temos uma relação de amor com nossos ídolos, entretanto isso não nos dá o direito de querer controlar a vida deles. Alguns fãs até entendem que a maioria do mundo BL é fã-service, mas muito ainda tomam aquilo como verdade absoluta para si e querem que seja uma verdade até para os próprios atores, chega né pessoal, achar bonito, representativo, fofinho tudo bem, agora querer que isso seja verdade absoluta já beira a doença.

Por ultimo eu deixei o assunto mais delicado, e já gostaria de deixar claro aqui, que não estou acusando o Mew de tratar o Art de maneira abusiva, até porque não estou com eles 24 horas e não sou nem sequer amigo íntimo dos dois.  Então pessoal, isso não é uma acusação e sim uma reflexão, por isso não me xinguem, mas se quiserem xingar, como dizem os meninos do Diva Depressão, FODA-SE. No próprio vídeo, traduzido pela linda da Lazzer Subs e para PT, pela maravilhosa Camila Mendes, o Art fala que Mew o beijou, eu acho que nem o próprio Art viu isso como abuso, mas talvez como calor de momento. Todavia, o que eu quero chamar a atenção aqui é fato de nós sempre estarmos venerando séries que tendem a romantizar o relacionamento abusivo, eu sei que muitos vão me odiar pelo que eu vou falar agora, mas “Addicted Heroin” é um exemplo clássico disso.

Eu não estou me isentando da digamos “culpa”, pois eu sou um dos que ama a série, no entanto eu não posso, não devo e não quero fechar meus olhos para o que acontece por traz daquilo que a gente acha “fofinho”.  Há sim abuso por parte de um garoto mimado que não sabe ouvir um “não” e faz de tudo, até ultrapassa os limites do aceitável, para conseguir o que quer. Quem leu a novel, sabe muito bem do que estou falando. E não pense que parou em “Heroin”, tivemos também, “History Obsessed “e “History Stay Way From Me” que foram um exemplos clássicos de relacionamentos abusivos. Tudo bem, eu sei que grande parte disso faz parte da cultura do oriente, mas se a gente não falar, mostrar e criticar isso não vai mudar, imagina se as culturas não mudassem? Ainda teríamos negros escravos, judeus em campos de tortura e curandeiras sendo queimadas pela igreja.

O que eu quero dizer é que dá sim para fazer séries que cativem o público e que não tenha que inferiorizar ou coagir um personagem. Temos o exemplo de Sotus  e Sotus S, até mesmo Together With Me, bem como o terceiro arco de History1 e os dois de History2, que foram histórias maravilhosas e que conquistaram o publico sem todo o abuso apelativo que muitos tentam justificar como sendo da cultura deles. Espero que tenha ficado bem claro que eu não estou querendo dizer que não devemos assistir tais séries, mas sim olhar com uma visão mais crítica, pois ficar calado é o mesmo que ser conivente. 

Texto: Bob Ribeiro
Revisão: Ágata 



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